sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Sou menino classe média intelectual e ótimo observador das realidades políticas do país!!!!!



Porque a sua fé não é uma piada.

   A discussão torna-se discrepante ao ponto que ensaia visões tendenciosas e errôneas sobre tal conceito. A religião em seu pilar base sempre será uma válvula de escape da humanidade em relação a suas frustações, seja pelas dificuldades ou pelos desencontros mundanos que nos prendem em uma cena teatral protagonizada pela razão e pela transcendência.
  Nesse contexto fica evidente a impossibilidade de argumentação partindo do pressuposto de que a fé é inexplicavelmente aceitável pelo simples fato de basear-se naquilo que não se pode observar ou tangenciar, podendo ser incluída no conceito de utopia anteriormente descrito por Thomas Morus. Expor minhas  ideias nada mais seria que pendenciar os fatos a culminar nos pontos de minha conclusão, e a objetividade deste texto e buscar a sua compreensão enquanto indivíduo e não fazê-lo acreditar em minhas ideias.
Há de se dizer que a religião sempre fora utilizada como modo de controle de sociedades elevando seus líderes a ao ápice do poder, mascarando o medo em forma de virtude, criando um eufemismo relativo ao totalitarismo desenfreado que tais relações de poder podem desencadear.
Buscamos sempre desmembrar a fé, explicá-la pela razão simplesmente porque somos pequenos, fracos, dependentes daquilo que nos rodeia, porém não aceitamos tal verdade e nos colocamos como principais agentes de nossas ações negando a submissão de nosso consciente ou de nossa mente a qualquer fator.
Tentamos tornar Deus motivo de zombaria e apresentar a religião como uma camisa de força, acorrentada por interações fascistas, mas a religião não é o mal do mundo, o aprisionamento da fé pelo homem é que faz de Deus ( figura patriarcal)um ser que pode não ser considerado justo, pois favorece uns e esquece dos tantos milhares de filhos que dormem forçadamente todas as noites para enganar a fome.
Que Deus é esse? Um pai? Um padrasto? Não, ele é simplesmente um Deus de classe media, um Deus Neopentecostal, que favorece uns e execra outros, uma fé regida pelo desejo pernicioso das classes dominantes.
A Fé não é o mal do mundo, é apenas aquilo que o homem que labuta todos os dias pela manha necessita para se manter vivo e trabalhar cada vez mais almejando uma vida melhor que talvez não alcance. A fé pode ser definida por apenas outra palavra: Esperança.
Acreditar que o mundo possa ser melhor, crer que o ser humano é um ser de natureza bondosa, tudo isso é ter fé, fé não é apenas religião. Acredite: Ter fé não é ser um palhaço!



TEXTO ESCRITO POR SÁVIO GUALBERTO, MEU ALUNO E AMIGO DO TERCEIRO ANO DO ENSINO MÉDIO DO COLÉGIO CEPRA EM SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA

terça-feira, 22 de novembro de 2011

   
Meus fantasmas reais: religião, polícia e mídia! 
Um breve comentário.

     Como hoje não é um dia de ressaca infernal venho aqui me propor a discutir um tema que tem impregnado minhas ideias e minha imaginação nos últimos dias quando quero entender o que se passa nesse meu país.
     Agora a pouco  peguei-me analisando a minha ingenuidade de algum tempo atrás quando  propunha-me a discutir a questão da corrupção política no Brasil atual, tentando enxergar os pontos positivos de um processo de construção democrática tão recente na nossa constituição social-histórica.
     Como era bom imaginar que o grau de consciência política do meu povo aumentava, mesmo lentamente e contra todas as forças de oposição a esse processo. Na realidade esse sonho se perdeu ultimamente diante do grau de alienação que a grande mídia expõe a maior parte do brasileiros, principalmente de classe média. A veiculação de notícias tendenciosas me assusta muito, mas mais ainda me assusta a passividade das pessoas que acreditam sinceramente que lendo revistas como a VEJA, assistindo o JORNAL NACIONAL e outros programas afins, conseguiram atingir um grau de consciência crítica ou de intelectualidade razoável, diria até mesmo básico, que os torna capazes de quererem de alguma forma opinar em relação a temas que exigem uma maior disposição de criticidade, os discursos são válidos a partir do momento em que ganham sentido, superficialmente não se chega a verdade nenhuma.
     Os temas aos quais me refiro tem dois focos básicos que permitem desenvolver meus fantasmas reais: o número de evangélicos crescendo no cenário político atual e a atuação das polícias militares e em alguns casos até mesmo das Forças Armadas atuando contra a liberdade individual garantida por lei constitucional.
     Ao debater a questão dos evangélicos  a presente postagem jamais deve ser vista como intolerante, apenas como um desejo de levar em consideração alguma ideias políticas que minha formação profissional me permite e credencia a ter.
     Não deve nos preocupar em momento algum a religião escolhida por qualquer cidadão brasileiro para ser seu ponto de apoio espiritual, muitas vezes a covardia humana exige realmente figuras transcendentais para explicações de casos práticos, e portanto não é um julgamento que devemos fazer de determinadas crenças, mas sim do posicionamento político adotado por essas religiões, mais especificamente os neo-pentecostais, e nesse ponto é evidente um discurso no mínimo contraditório quando as religiões estimulam uma luta contra a corrupção e no entanto elegem dentro das Assembleias e Templos nomes bastante conhecidos na política brasileira não pela atuação louvável aos olhos de Deus e sim pelos escândalos que os acompanham, deixe sua mente criativa funcionar ao menos um pouco que rapidamente você será capaz de identificá-los. Além disso vale também destacar o caráter intolerante que forma as consciências dentro desses meios, e aí a Igreja Católica não fica atrás com o seu movimento carismático de comercializar Deus como as grandes estrelas de sua companhia de teatro Pe. Marcelo Rossi e Fábio de Mello, só para citar os maiores, ou se segue o proposto pela religião ou estarás fora do jogo (e do céu também), nesse ponto devo expressar meu medo pessoal quando recebo em minha casa um DVD de propaganda política do Garotinho aonde o Silas Malafaia me acusa na exposição de suas ideias de um verdadeiro anti-cristo, ou quando sou levado a pensar que repousando no espírito estarei me aproximando de Deus, quando na verdade estou é perdendo minha capacidade de enxergar muita coisa. São essas pessoas que certamente tendo oportunidades são capazes de me privar das minhas liberdades individuais garantidas pela Constituição da República Federativa do Brasil.
     Sobre o outro ponto que me ajuda a pensar, a questão da atuação das polícias militares (ou seriam milícias militares? Vivo no estado do Rio de Janeiro onde já há uma certa confusão nessa definição), o meu medo maior é o da falta de preparo que acompanha a formação de tais policiais, dei aulas para este público por dois anos aproximadamente e pude perceber de perto esta realidade, e ressalto aqui que ao menos meus alunos conseguiram ao final do nosso projeto ter uma visão mais ampla sobre suas próprias atuações como PMs. Nossos policiais militares são hoje uma força de repressão truculenta utilizada pelos estados no combate a qualquer possibilidade de crítica aos programas defendidos pelos governos estaduais, vide atuação da PM-CE reprimindo uma greve de professores, vide a atuação da PM-SP reprimindo manifestações estudantis na USP ou então vide atuação da PM-RJ atuando como milícias organizadas nas comunidades carentes do Rio de Janeiro. O julgamento que aqui faço preserva, sem sombra de dúvidas, os muitos policiais honestos que formam essas corporações. Porém, honestidade não deve ser um princípio confundido com consciência crítica do seu papel social, e é exatamente nesse ponto que me assola uma coisa tenebrosa: até que ponto as PMs existem para garantir meus direitos e não para ameaçá-los?
     Só para terminar por hoje, afinal de contas o discurso é muito mais amplo do que o exposto e com certeza continuará pelas próximas postagens, quando se misturam elementos de uma ideologia intolerante e propagada largamente pela grande mídia com a atuação truculenta de forças conservadoras meus medos explodem em mim, e o pior (se é que existe) é ver a classe média que vive exatamente esses discursos temporariamente, aplaudindo quase na maioria das vezes se sentir pronta pra debater temas como a corrupção do país. Misture esses três elementos: ideologia intolerante, forças militares repressoras, e classe média estupidamente alienada e você terá um belo exemplo de fascismo!
Vivemos sem dúvida um melhoramento democrático no Brasil que nos permite discutir e debater tais questões, meus medos se explicam quando essa possibilidade começa a ver-se limitada por meios institucionais como a mídias, as religiões ou as forças militares.


Marcelo de S. Silva.

sábado, 19 de novembro de 2011

O conto da solidão e da espera

Hoje é aniversário de um grande amigo meu, Arthur está comemorando quase setenta anos de idade, e nessa altura da vida não deve ser muito legal sabermos a idade exata de cada um, as vezes é melhor esquecer quantos anos se tem na realidade, mas com todo certeza faz dez anos que uma criatura maravilhosa veio morar com minha família, do abandono de espírito a uma completude dos nossos dias ele chegou com calma e alegria, conseguindo caminhar da lucidez a loucura em questão de segundos, dessas criaturas que a vida insiste em chamar de louca quando na verdade são as que mais sabem o que é a vida, obrigado Arthurzinho por me fazer lembrar e viver coisas boas!
Em sua homenagem, e para que meus leitores saibam, posto aqui um conto pequenininho que escrevi algum tempo atrás em uma situação inusitada vivida por mim, nem sei se sonho ou realidade, mas como realidade é aquilo que nossa mente é capaz de produzir vamos ao conto:


O conto da solidão e da espera

     O dia de hoje foi extremamente interessante e estranho! Acordei me sentindo um pouco só, um desses dias em que o mundo pouco importa. De repente, o céu se escureceu e uma forte chuva desabou, um pouco do céu, um pouco dos meus olhos, era a solidão.
     Resolvi ir pro trabalho, as chuvas passam quando fazemos coisas de pouca importância, e trabalhar foi a forma que busquei para dar fim à tempestade. Uma correria só, e quando me dei conta estava num bingo, cheio de senhoras e senhores gordos, fartos, detesto gente farta, mas são ossos do ofício, pelo menos a chuva passou, estava trabalhando! Saí dali lá pelo meio da noite, não estava satisfeito e a solidão matinal chegou novamente, sem tempestade, chegou com calma e cansaço, não via a hora de chegar em casa.
     Corri para o ponto sabendo que àquela hora ônibus não são mais tão freqüentes. Foi nesse instante que uma figura, no mínimo exótica, me chamou a atenção, uma senhora com seus setenta e tantos anos, negra, lenço na cabeça, um xale cobrindo um vestido de flores amarelas, a solidão personificada ao meu lado. Curioso me sentei ao lado dessa moça, tirei minha carteira de cigarros do bolso, precisava de companhia, e o cigarro é um ótimo companheiro nessas horas, mas o olhar que me foi lançado era quase incriminador. Nesse instante pensei em puxar assunto, mas outro pensamento me dominou: diante do meu silêncio e também do silêncio daquela figura constatei que esperávamos, eu jovem, cheio de vigor esperava o ônibus que demorava, ela, velha, sem definição esperava alguma coisa que eu não conseguia imaginar o quê.
Quando de um momento pro outro ela começou a emitir um som, parecia uma canção, de roda ou de ninar, e me passou pela cabeça estar ao lado de uma poetisa. Olhávamos os poucos carros que passavam, e as poucas pessoas também, e os segundo passavam, a vida passava e a noite com ela.
O que deve-se fazer quando alguém ou alguma coisa cai? Foram as primeiras palavras que ela me direcionou, e eu imediatamente respondi que quando isso acontece deve-se levantar, disse ainda que todos caem e que a habilidade está em se recompor após as quedas, logo eu falando isso.
     E entre quedas e recomposições falamos de alicerces, casa, abrigo, alma gêmea. Estava certo de que era uma poetisa... Uma e quarenta da madrugada e aquela figura sem esperança esperava, pensei que tudo passa rápido demais, menos o meu ônibus. Tudo fazia sentido, ela era ou foi uma dádiva de Deus, o dia e a noite valeram à pena, eu sorri, sofri, ela também, e me disse uma coisa meio sem sentido, mas que me fez sentir: construa primeiro e com calma, fica mais sólido, e se cair dá pra recuperar, eu não tenho casa e sua alma gêmea vai chegar com calma.
     Tive certeza da presença de Deus, numa dessas criaturas que todos os “normais” chamam de loucas e por isso as isolam, excluem, até que outro louco, mesmo que por alguns minutos, descobre na loucura de cúmplices a vida como deve ser.
     Éramos eu e ela, loucos e poetas na madrugada do Rio, naqueles minutos tudo passava de forma fugaz, menos nós, de alguma forma estávamos estáticos, a velha e o moço, o fim e o início, antíteses e contradições, e uma certeza: esperávamos, eu o ônibus da vida, ela a morte...
     Detesto os fartos, amo os famintos de vida, ela não se fartava de viver apesar de sentir a presença da morte, nem eu me cansava de sonhar.

Silva Pardal

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Só pra começar

Antes de mais nada quero que saibam que este espaço jamais será apenas a única válvula de escape para minhas ignorâncias e impertinências, posso e faço isso de me extravasar melhor em outros ambientes, muito menos para minhas esquizofrenias momentâneas, aqui o objetivo e o objeto são outros e tão amplos que o melhor a fazer é aguardar minha disposição dos dias sem ressaca para poder proporcionar ao meus leitores (se existirem é claro) e seguidores alguns momentos de pretensa transcendentalidade real, daquelas que só uma boa dose de cachaça ou sinceridade são capazes de oferecer, sorvam-me enquanto permito, e só pra começar vai  aí um testículo que escrevi outro dia de bobeira:

Insano


 Estou enlouquecendo,
Tudo me leva a isso, a crer nisso.
Essa ausência de Deus, essa morte de Deus
Essa filosofia de boteco,
Ou sei lá que treco, tudo se confundiu 
Exatamente quando se explicou,
Ando não entendendo nada,
Nado, ando, e tento mudar o mundo,
E tudo em mim não passa de: quando?


Silva Pardal